Minha identidade não tem carácter temporário, mas sementes de eternidade! (Moysés Azevedo)
Alguém a quem muito estimo escreveu: 'se vires a mim, vagando por aí, peça para eu voltar, diga que estou esperando.'
Como é bom saber que se de mim eu me perder, tenho para onde voltar, tenho raiz, e melhor ainda terei alguém a me mostrar onde eu vou estar. Em cada retorno: um rabisco, uma inspiração, um poema, uma canção... folhas, flores ou frutos, que surge ao querer da estação...
A ela me disponho! Com ela eu vou! Nas raízes da alma, a verdade de quem sou!

Sobre um dia de cinzas

Manhã fria, em tons de cinza, fora e dentro em mim... O Cristo, o Redentor, assim como o sol, se veste de densas nuvens. O frescor do mar que se exala no ar pela dança das ondas, de súbito se corta por aves de aço que rasgam o céu com seu canto invasivo indo na direção do infinito, trazendo depois, o frescor do mar de volta a mim numa orquestração sem fim. Sinfonia das águas, que insistem em ondejar na memória, num constante vai e vem da Palavra que parece me chamar na voz de um soneto de outrora, que longe de evidenciar uma separação me convida a ferir os meus pés pisando estas duras pedras para adentrar no mar. Em cada gota que respinga em mim o estabelecer de uma fusão que me arrasta para sempre, definitivamente ao alto mar.


À Julia Barbosa

Um comentário:

  1. ..."trazendo depois, o frescor do mar de volta a mim numa orquestração sem fim"...
    A canção volta pois é constante!

    O canto do eterno, se faz, mesmo no silêncio duradouro, do barulho ensurdecedor, ele volta. Como àquela voz que disse um dia no mar: Vem!!!

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