Minha identidade não tem carácter temporário, mas sementes de eternidade! (Moysés Azevedo)
Alguém a quem muito estimo escreveu: 'se vires a mim, vagando por aí, peça para eu voltar, diga que estou esperando.'
Como é bom saber que se de mim eu me perder, tenho para onde voltar, tenho raiz, e melhor ainda terei alguém a me mostrar onde eu vou estar. Em cada retorno: um rabisco, uma inspiração, um poema, uma canção... folhas, flores ou frutos, que surge ao querer da estação...
A ela me disponho! Com ela eu vou! Nas raízes da alma, a verdade de quem sou!

Dualidades

Mais um dia como outro qualquer, sim, apenas mais um dia e eu tão acostumado com a mesmice dos fatos, no ordinário que se repete. Há muito que deixei de esperar algo novo, afinal, sou um ser muito ínfimo na complexidade e magnitude que é o universo para estar sempre reclamando e exigindo por algo mais da Vida... De tão desvairado, desavisado, me vi no hoje sendo surpreendido e abraçado pela Vida que me trouxe de forma despretensiosa o seu abraço onde me aconchego, fazendo-me sentir olhado e impulsionado a continuar caminhando, ainda quando muitas coisas não são claras, soando até imprevisíveis. 



Mais um dia como outro qualquer e novamente importa caminhar e ir avançando a cada passo pela estrada da Vida, pois não dá para saber o que há ‘depois da curva’ se fico parado apenas imaginando. Não dá para esperar compreender tudo para poder avançar! Talvez este seja um traço da perseverança. De tanto perseverar, cheguei a este dia que  mais parecia um outro qualquer. Acordei. Indisposto, queria continuar a dormir, mas a Vida me esperava. Levantei, depois do banho o café da manhã, em seguida concordâncias e discordâncias entre eu e o silêncio, diálogo, reservas, encontros e desencontros, fugas. Numa sala de estar: o Inesperado, o fim da curva... Entre questionamentos o Desconhecido veio me encontrar...  Disfarçado de nada o Tudo me ateve e indagou: O que queres? 

Depois de muito divagar entre pesares mil, o dia quase parecia acabar como outro qualquer, até encontrar ecos do meu eu na voz da canção cheia de versos tão meus que me interpelava: O que queres? 

Entre a REPULSA e o DESEJO: o duelo da vontade. E o coração? Onde estará? No peito dois sentimentos: dor por constatar como me perco do que deveria querer e alegria por enxergar a possibilidade de um novo recomeço.  A vida é assim...


“Algumas pessoas vivem para a fortuna
Algumas pessoas vivem apenas para a fama
Algumas pessoas vivem para o poder
Algumas pessoas vivem apenas para jogar o jogo
Algumas pessoas pensam que as coisas materiais
Definem o que elas são por dentro
Eu já me senti assim antes
Mas a vida era sem graça
Tão cheia de coisas superficiais

Algumas pessoas procuram por fontes
Que prometam a juventude eterna
Algumas pessoas precisam de três dúzias de flores
E este é o único jeito para provarem seu amor por elas
Me sirva o mundo em um prato de prata
E o quão bom isso seria?
Sem ninguém para compartilhar
Sem ninguém que realmente se importa comigo

Algumas pessoas querem tudo
Mas eu não quero absolutamente nada
Se não for Você, querido
Se eu não tiver Você, querido
Algumas pessoas querem anéis de diamante
Algumas apenas querem tudo
Mas tudo não significa nada
Se eu não tiver Você

Se eu não tiver Você comigo, querido
Então nada nesse mundo inteiro não significa nada
Se eu não tiver Você comigo, querido"*

(* If I Ain't got you - Alicia Keys / Cover: Maroon 5)





Nova História

Lá no horizonte se levanta o sol tão tímido a sorrir,
Numa página em branco algo bom me espera, nova chance!
      Para além de mim, mesmo se não fiz o bem que tanto quis,
      Com letras de fogo se ascende no presente, nova aurora!
Sendo alguém melhor refaço a história a cada instante aqui,
Sendo mais feliz na própria história me entrego a sorrir!

Nas mágoas que guardei, tão rígido me fez o choro que calei,
Deixo então fluir no rio a correr, nova esperança!
      Para além de mim, mesmo quando fiz o mal que eu nem quis,
      Com letras de fogo se escreve no amanhã, nova memória!
Sendo alguém melhor refaço a história a cada instante aqui,
Sendo mais feliz na própria história me entrego a sorrir! 

Uma razão para voltar...

Uma razão para voltar a escrever, sim apenas uma razão. Era tudo que eu queria encontrar e esta não me falta... Não sou um transeunte qualquer, desconhecido ao meu próprio eu, da minha própria história. 

Uma razão, apenas uma razão qualquer seria o bastante, mas não me contento com qualquer coisa, não me contento com pouca coisa. Meu coração quer sempre mais, ele é insaciável e só sabe se entregar totalmente, não sabe se dar a nada pela metade, anseia amar plenamente! Nasceu para escolher O tudo e por não saber se dar pela metade não sabe escrever pela metade, não sabe falar sobre coisas que não viveu, fora de si. 

Esta é a minha realidade! 

É que assim como existem coisas sobre as quais não são fáceis de se falar, existem também aquelas sobre as quais não são fáceis de se escrever, mas há sempre uma razão para voltar a bem contar sobre os dias, atualizando o calendário de postagens, dando ouvidos ao coração ou a algum irmão, ainda que a intuição nada me dite. E assim, deixando a esperança me conduzir escolho ser menos escravo da inspiração. 

É isto que as raízes fazem: procuram a seiva que faz perdurar a vida e esta busca nem sempre é aparente, mas se dar em meio a escuridão, nas profundezas do solo, no trabalho árduo do escondimento, na procura silenciosa do alimento.

Numa razão para voltar a se entregar sem medo de expor-se, de comprometer-se, sem medo do que as entrelinhas ou as margens poderão dizer deixo que a beleza e as cores das flores e frutos falem por si transcrevendo o que já foi escrito no ser.