Minha identidade não tem carácter temporário, mas sementes de eternidade! (Moysés Azevedo)
Alguém a quem muito estimo escreveu: 'se vires a mim, vagando por aí, peça para eu voltar, diga que estou esperando.'
Como é bom saber que se de mim eu me perder, tenho para onde voltar, tenho raiz, e melhor ainda terei alguém a me mostrar onde eu vou estar. Em cada retorno: um rabisco, uma inspiração, um poema, uma canção... folhas, flores ou frutos, que surge ao querer da estação...
A ela me disponho! Com ela eu vou! Nas raízes da alma, a verdade de quem sou!

Uma tragédia moderna

Tentando ser forte
Sem ressentimentos
Num carrossel de desgastes

Indo e voltando
Ao mesmo destino
No tempo em erosão

Girando sem norte
Sem argumentos
Num aspiral de desastres

Flores e preces
Se erguem às voltas
No lamento em ascenção

Culpado da sorte
Do sepultamento
Num círculo de combates

Malgrado ferido,
Enterram-me vivo,
No silêncio, na solidão.

2 de novembro de 2018, dia dos fiéis defuntos

Dualidades

Mais um dia como outro qualquer, sim, apenas mais um dia e eu tão acostumado com a mesmice dos fatos, no ordinário que se repete. Há muito que deixei de esperar algo novo, afinal, sou um ser muito ínfimo na complexidade e magnitude que é o universo para estar sempre reclamando e exigindo por algo mais da Vida... De tão desvairado, desavisado, me vi no hoje sendo surpreendido e abraçado pela Vida que me trouxe de forma despretensiosa o seu abraço onde me aconchego, fazendo-me sentir olhado e impulsionado a continuar caminhando, ainda quando muitas coisas não são claras, soando até imprevisíveis. 



Mais um dia como outro qualquer e novamente importa caminhar e ir avançando a cada passo pela estrada da Vida, pois não dá para saber o que há ‘depois da curva’ se fico parado apenas imaginando. Não dá para esperar compreender tudo para poder avançar! Talvez este seja um traço da perseverança. De tanto perseverar, cheguei a este dia que  mais parecia um outro qualquer. Acordei. Indisposto, queria continuar a dormir, mas a Vida me esperava. Levantei, depois do banho o café da manhã, em seguida concordâncias e discordâncias entre eu e o silêncio, diálogo, reservas, encontros e desencontros, fugas. Numa sala de estar: o Inesperado, o fim da curva... Entre questionamentos o Desconhecido veio me encontrar...  Disfarçado de nada o Tudo me ateve e indagou: O que queres? 

Depois de muito divagar entre pesares mil, o dia quase parecia acabar como outro qualquer, até encontrar ecos do meu eu na voz da canção cheia de versos tão meus que me interpelava: O que queres? 

Entre a REPULSA e o DESEJO: o duelo da vontade. E o coração? Onde estará? No peito dois sentimentos: dor por constatar como me perco do que deveria querer e alegria por enxergar a possibilidade de um novo recomeço.  A vida é assim...


“Algumas pessoas vivem para a fortuna
Algumas pessoas vivem apenas para a fama
Algumas pessoas vivem para o poder
Algumas pessoas vivem apenas para jogar o jogo
Algumas pessoas pensam que as coisas materiais
Definem o que elas são por dentro
Eu já me senti assim antes
Mas a vida era sem graça
Tão cheia de coisas superficiais

Algumas pessoas procuram por fontes
Que prometam a juventude eterna
Algumas pessoas precisam de três dúzias de flores
E este é o único jeito para provarem seu amor por elas
Me sirva o mundo em um prato de prata
E o quão bom isso seria?
Sem ninguém para compartilhar
Sem ninguém que realmente se importa comigo

Algumas pessoas querem tudo
Mas eu não quero absolutamente nada
Se não for Você, querido
Se eu não tiver Você, querido
Algumas pessoas querem anéis de diamante
Algumas apenas querem tudo
Mas tudo não significa nada
Se eu não tiver Você

Se eu não tiver Você comigo, querido
Então nada nesse mundo inteiro não significa nada
Se eu não tiver Você comigo, querido"*

(* If I Ain't got you - Alicia Keys / Cover: Maroon 5)





Nova História

Lá no horizonte se levanta o sol tão tímido a sorrir,
Numa página em branco algo bom me espera, nova chance!
      Para além de mim, mesmo se não fiz o bem que tanto quis,
      Com letras de fogo se ascende no presente, nova aurora!
Sendo alguém melhor refaço a história a cada instante aqui,
Sendo mais feliz na própria história me entrego a sorrir!

Nas mágoas que guardei, tão rígido me fez o choro que calei,
Deixo então fluir no rio a correr, nova esperança!
      Para além de mim, mesmo quando fiz o mal que eu nem quis,
      Com letras de fogo se escreve no amanhã, nova memória!
Sendo alguém melhor refaço a história a cada instante aqui,
Sendo mais feliz na própria história me entrego a sorrir! 

Uma razão para voltar...

Uma razão para voltar a escrever, sim apenas uma razão. Era tudo que eu queria encontrar e esta não me falta... Não sou um transeunte qualquer, desconhecido ao meu próprio eu, da minha própria história. 

Uma razão, apenas uma razão qualquer seria o bastante, mas não me contento com qualquer coisa, não me contento com pouca coisa. Meu coração quer sempre mais, ele é insaciável e só sabe se entregar totalmente, não sabe se dar a nada pela metade, anseia amar plenamente! Nasceu para escolher O tudo e por não saber se dar pela metade não sabe escrever pela metade, não sabe falar sobre coisas que não viveu, fora de si. 

Esta é a minha realidade! 

É que assim como existem coisas sobre as quais não são fáceis de se falar, existem também aquelas sobre as quais não são fáceis de se escrever, mas há sempre uma razão para voltar a bem contar sobre os dias, atualizando o calendário de postagens, dando ouvidos ao coração ou a algum irmão, ainda que a intuição nada me dite. E assim, deixando a esperança me conduzir escolho ser menos escravo da inspiração. 

É isto que as raízes fazem: procuram a seiva que faz perdurar a vida e esta busca nem sempre é aparente, mas se dar em meio a escuridão, nas profundezas do solo, no trabalho árduo do escondimento, na procura silenciosa do alimento.

Numa razão para voltar a se entregar sem medo de expor-se, de comprometer-se, sem medo do que as entrelinhas ou as margens poderão dizer deixo que a beleza e as cores das flores e frutos falem por si transcrevendo o que já foi escrito no ser.



Heróis, sonhos e esperanças

I

Porque os heróis me fascinam tanto? O que há neles de tão mágico?
Existe neles uma linha tênue do fabuloso ao excêntrico, do místico ao perigo, da fraqueza a grandeza, onde para alguns, fantasias vãs que nada acrescentam a realidade, mas para outros a revelação de infinitas possibilidades.

Mais que mera ficção, catarse!
Física da alma em sonho e realidade.
Basta apenas a mera ficção para deixar no coração aquela tensão positiva de expectativa pelo transcendente, pelo enervar-se ao sobrenatural.

Das ruas ao noticiário, nas esquinas e até nas prateleiras de lojas e supermercados, reais ou imaginários, nas prisões ou no confessionário, é reconfortante saber que nas diversas partes do globo não nos faltará grandes homens, estando sempre dispostos a atravessar o ‘Moon River, wider than a mile...’[1] Porque ainda que enfraquecidos, debilitados ou abatidos existe neles ‘aquela força estranha’[2] que os faz notar que há uma ‘humanidade para salvar’, permeando tudo de sentido, recordando ‘o porque’ da labuta.

Se existe um Supremo-Bem, por este, como disse um pequeno hobbit[3], vale a pena lutar, é a única coisa na qual se pode agarrar-se, não parando nos desafios, fazendo a dolorosa páscoa do mito para a realidade, do sonho para a beatitude, sendo assim mais tolerante consigo mesmo e com o outro e por isso, em verdade e caridade profundamente homem e inevitavelmente mais herói.

Estamos neste mundo e muitos de nós queremos apenas uma coisa: ser salvos! Por isso o homem tem necessidade de heróis. Eles nos devolvem os sonhos e esperanças que perdemos pela árdua estrada nos trazendo de volta a nós mesmos. Talvez esta seja a maior missão de todo super-herói: devolver-nos aos nossos sonhos perdidos. 


E quando perdemos nossos sonhos? 

O que houve com a criança destemida de outrora, aquela que aventurava a vida e brincando de herói fazia da infância palco de conquistas? É uma pena se ela cresceu e distanciando-se de sua infância abandonou lá os heróis e a capacidade de sonhar...

Será que já nos tornamos o que queríamos ser quando crescer? Saudosa inocência da ‘terra do nunca’[4] onde a alma nunca era pequena e a capacidade de sonhar imensa e intensa...

II

Em todas as épocas e lugares, em todas as raças e classes, a capacidade de ficar absorto no alvo a ser conquistado é intrínseca da alma humana. Deixar de sonhar é escolher morrer aos poucos negando aquilo que somos por natureza. Os sonhos trazem vitalidade à alma! Só a nós foi reservada a felicidade de sonhar! Sonhos a conquistar nos caracterizam enquanto homens, nem dormindo somos privados desta dádiva. É o corpo que dorme e a alma que vela! Se após esta vida não há mais nada a alcançar então não há porque sonhar, pois os sonhos são como uma escola que nos ensina sobre nosso verdadeiro lar...

E se ‘os tigres vem à noite e despedaçam nossos sonhos com suas vozes suaves como um trovão’[5] dar créditos as vozes de nossos heróis, cura as feridas da alma, nos tornamos com eles heróis de nós mesmos. Há quem diga[6] que ‘não são os sonhos não alcançados que nos destroem, e sim aqueles que não ousamos sonhar!’ Não há nada mais infeliz que ignorar os próprios sonhos! Como um câncer esta atitude nos destrói a partir de dentro, avilta a virtude, o entusiasmo e a paixão, envenena o coração.


III

Há quem não ouse sonhar porque não estar disposto a esperar. 
Não estar disposto a esta bem dita paga: ‘convém que custe caro aquilo que muito vale’[7]Entretanto, é esta espera que enobrece o sonho, por ela podemos medir o quanto vale aquilo que queremos. Para alguns voltar a sonhar, é voltar a esperar, é não temer sofrer a espera pelo objeto de nosso desejo e acreditar que entrementes, a ausência purifica nosso desejo, prova nosso querer e tendo nossos sonhos provados e purificados viveremos a bem-aventurança de gozar antecipadamente do bem que ainda não está em nossas mãos, mas que já é sonho alcançado ainda que não realizado. A espera nos livra do imediatismo moderno que longe de nos favorecer, nos lança no desespero do ‘aqui e agora’ reduzindo nossa existência a matéria e tão somente a ela. 

A espera preserva nossa alma. 
Se ‘sonhar não custa nada[8], talvez seja por isso que ao desistir de muitos sonhos, acabamos por vendê-los, sem o saber, por uma bagatela. A espera é a etiqueta com o preço de nossos sonhos e o amor a moeda de seu resgate. Desistir de esperar não é simplesmente desistir de sonhar, é aquiescer que as exigências e sacrifícios talvez não nos valha a gratuidade do sonho.

Quanto mais sonhado mais enraizado estará o sonho em nós e quanto mais enraizado mais firme ele estará na espera de seu cumprimento. Esmorecer nesta etapa seria como nadar, nadar e morrer na praia ou lutar, lutar e desistir no ultimo instante. A questão é que nunca sabemos quando será o último instante e a possibilidade de que a parte do caminho que falta a ser trilhada é equivalente ou maior ao que já foi percorrido nos assusta. 
E se eu pensasse menos e sonhasse mais, dando vazão as ideias que estão em silêncio dentro de mim? Com certeza perceberia que ainda é tempo de sonhar e longe de ser um contratempo, o tempo é colaborador dos sonhos que estão enterrados na consciência. 

IV

Há instantes em que nos perdemos, deixamos de carregar o suave julgo de nossas aspirações para carregar o fardo de cegos olhares que 
questionam o porque de nossas intenções. 'Para que tudo isto?', 'Saia do mundo da lua!', 'Você pensa grande demais!', 'Seja mais realista!', poemas sem rimas, canções que soam dissonantes em tons de cinzas descolorindo o céu de nossa imaginação. Propósitos partidos, sonhos quebrados. Existência comprometida! E é assim, ouvindo as vozes de mercadores e salteadores que nos distanciamos de nós mesmos, para longe do propósito de nossa existência, do dever de ser quem devemos ser.

Sonhos não morrem, ficam a deriva como barcos abandonados na consciência...

____________________________

[1] Moon River, composição de Johnny Mercer e Henry Mancini, interpretada no filme 'Breakfast at Tiffany's' por Audrey Hepburn.
[2] Força Estranha, composição de Caetano Veloso.
[3] Referência a Samwise Gamgee, personagem do escritor britânico J.R.R. Tolkien na trilogia 'O Senhor dos Anéis'. 
[4] Terra do Nunca, ilha fictícia do livro Peter Pan do escritor escocês J.M. Barrie onde as crianças não crescem.
[5] I dreamed a dream, canção interpretada pela personagem Fantine no musical 'Os miseráveis', baseada no livro do escritor francês Vitor Hugo. Composição de Alain Boubliu.
[6] Will Shuster, personagem do ator Mathew Morrison no seriado norte-amricano 'Glee'.
[7]  Ávila, Sta Teresa. Doutora da Igreja.
[8] Sonhar não custa nada, samba Enredo 1992 G.R.E.S Mocidade Independente de Padre Miguel

Sob os dias de maio

        ...vindo do além mar, de paragens distantes e ingrimes, sou surpreendido por uma alegria aterradora. Nada traz esta alegria a mim, ela simplesmente brota, cresce como sendo fonte em si mesma de mais alegria. Esta alegria não é algum bem que os olhos podem enxergar, que os dedos podem tocar ou os sentidos podem experimentar. Sendo mais que um intensivo regalo ela não é adversa a minha tristeza, em mim ela está como uma fina chuva que acaricia a alma, cheia de recordações saudosas, me fazendo desejar nada ter, nada querer. Hoje eu não quero muita coisa, quero apenas essa melodia silenciosa que como seta indica o caminho da minha realização. Que os outros disputem entre si aquilo que não é mais meu. Já tive demais! E curvado pelo peso daquilo que por tanto tempo insisti em carregar, vou aprendendo a me reerguer, certo de que nada mais pode me manter nesta posição envergada além do costume. Vans tradições que se sacralizaram em mim e me distanciaram da glória divina que é o homem de pé. O inusitado mais uma vez se manifesta no Verbo, na palavra que se torna canção ao me interpelar: 'Onde deixei de Te amar? Onde perdi o Teu olhar? Me deixei levar pela estrada a fora...' De estradas mil, aqui estou encerrado no tempo, cárcere da alma, entre ânsias que não se aliviam. E quem pode vê a mim? Alguém escuta este grito sem fim? No afã dos dias, aprendo com esta alegria, que vai além daquilo que os homens podem vê. Ó homens, pasmai e escutai! Quem consegue em um átimo de segundo mensurar quem eu sou? Nada vós sabeis de mim! Destarte, calai e observai, quem eu sou não está mais aqui, andou vagando por aí, como bem mencionou um outro 'eu', perdendo e se perdendo, se gastando no tempo, à sombra de fantasmas e lendas, em poças d'águas que me soçobraram. Daí, ó Senhor, onde eu me perdi e Te perdi estou a regressar enquanto na varanda da memória vigora a terna recordação de quem apostou em mim de dentro para fora, vendo-me além do meu momento, não aprisionando-me no tempo. Lá, eu sou mais eu, nada há para mostrar, nada há para justificar, só o gostinho de nada precisar provar! Entrementes, talvez eu não seja mais o mesmo, e por isto, a época de maio é mais alegre como bem frisou um certo Bolseiro.

Sobre um dia de cinzas

Manhã fria, em tons de cinza, fora e dentro em mim... O Cristo, o Redentor, assim como o sol, se veste de densas nuvens. O frescor do mar que se exala no ar pela dança das ondas, de súbito se corta por aves de aço que rasgam o céu com seu canto invasivo indo na direção do infinito, trazendo depois, o frescor do mar de volta a mim numa orquestração sem fim. Sinfonia das águas, que insistem em ondejar na memória, num constante vai e vem da Palavra que parece me chamar na voz de um soneto de outrora, que longe de evidenciar uma separação me convida a ferir os meus pés pisando estas duras pedras para adentrar no mar. Em cada gota que respinga em mim o estabelecer de uma fusão que me arrasta para sempre, definitivamente ao alto mar.


À Julia Barbosa

Em uma terra cheia de raízes

Nesta terra ainda fresca pela garoa, sob um sol que timidamente traz sua saudação a cada manhã, as raízes da alma paulatinamente descem no Solo, e em silêncio se espalha por ele, no ensejo de sorver o que aqui há de melhor. Ao extrair tão nobre seiva, percebe uma infinidade de sais e minérios que traz força ao cerne. Este, traduz no esplendor das flores, as quais em breve se tornarão frutos, a sublime riqueza que inspira a ação seja em poema ou seja em canção, e que por isso anseia ser mais, e ser mais, é permanecer neste Solo em meio a outras raízes, as quais em seus amplexos me faz descobrir que nasci para este Solo, assim como Ele está aqui para mim. Sim, foi demarcada para mim a melhor terra, e porque neste Solo não estou só, com outras raízes posso haurir da seiva que me faz exultar de alegria em minha herança.


"O Senhor deu-me irmãos..."
(Irmão de Assis, Inácio de Larrañaga)

Sobre a espera...

Esperar, continuo a esperar... E esta espera me introduz na dinâmica da vida. Esperar que a seu tempo cada coisa ao meu redor encontre o seu rumo. Esperar na trama dos dias o desentrelaçar das coisas que compõem esta atmosfera existencial que me caracteriza no tempo. E se eu não mais esperar, eu não negaria ao corpo e ao espírito algo intrínseco a esfera de sua natureza? Esperar, continuamente esperar, seja na fila do banco ou até no trânsito, pelo que não se fez ou pela receita de cada mês, naquilo que está para nascer ou no novo que quer se estabelecer, e apesar de não darmos conta, esperar até a hora de morrer. No desencadear dos fatos, em um ciclo de feitura que não deixa de crescer, tudo espera por dá continuidade, anseia por prosseguir, numa realidade continua que só termina ao entrever a eternidade.

Eleição e Predileção

‘O Senhor ama a cidade que fundou no Monte Santo,
ama as portas de Sião, mais que as casas de Jacó’
(Sl 86 (87), 1-2).

Como não se surpreender com este trecho do salmo que algumas vezes me fez indagar, à guisa reflexiva do salmista, sobre o que ele realmente pretendia exprimir quando relata a predileção de Deus pelas portas de Sião, Cidade de Deus, mais que todas as casas de Jacó.

Recentemente, ao lê este salmo na liturgia diária, pude mergulhar um pouco mais no mistério em que percebi que ele traz em si que é a ‘Eleição’. Ao lembrar como esta experiência da eleição permeia a mim, não há porque querer compreender esta predileção de Deus por aquele que Ele tornou seu eleito. Ele tão simplesmente QUIS escolher, de forma livre e gratuita. Destarte, a comparação do salmista consegue elucidar aquilo que é realmente importante nesta escolha: Ele ama! Ele ama a cidade que fundou no Monte Santo!

Como não dizer então coisas gloriosas desta cidade do Senhor? Foi aí que muitos nasceram, outros renasceram, no entanto um ou outro, no seu seio nunca deixaram de ser alimentados. É por isso que nela, todos juntos, a cantar se alegrarão, e dançando exclamarão: Estão em ti as nossas fontes! Esta fonte que prefigura tudo que está por vir,  da inesgotável nascente em rios caudalosos há de sempre jorrar.

Lembro-me de uma canção que eu ouvia frequentemente, The basics the Life, do 4Him. Se de mim mesmo eu me perder, basta retornar ao início de tudo, ao princípio da vida, ao que é fundamental. Quem sabe não seja por isso que em mim, este blog anseia ser de fato este transbordamento que me faz com as raízes da alma adentrar no terreno do coração do Eterno, ainda que eu nada veja sob este solo, ele é fértil, e me fará nele descobri seu manancial de água viva para que eu absorva da Seiva Eterna que me inebria plenamente.

Como não lembrar de Santo Agostinho ao dizer que o desejo da nossa alma é retornar para Deus e inquieto estará o nosso coração enquanto não repousar n’Ele. Com o auxílio da graça espero a cada instante retornar para Ele, este é o desejo de minha alma, entrar pelas portas da cidade santa que Ele escolheu e aí dá graças porque a cada manhã ao lembrar do seu amor que gratuitamente veio a mim posso renascer e renovar minha confiança. Para não me perder, é só deixar a voz do salmista me alcançar e me mostrar em quem eu devo confiar. Com ele aprendo que minha segurança é uma só: Deus!

Infinito no finito em que me perco

'Ensinai-nos a bem contar os nossos dias...' (Sl 90,12)

[...] ela teve início em algum lugar, no entanto não sei descrever onde. Eternidade! Sim! Apenas notei que ela estava presente aqui. Não fez alarde, chegou de mansinho, em segredo, em silêncio, profundo silêncio, enquanto tudo se desvanecia em torno a mim. Tornou-se próxima, não me fez sofrer, no entanto, me fez sorver todas as características deste seu ser: presença, partida, amor, recordação, esperança, constância, carinho, paixão, cuidado, saudade, resposta, transferência, predileção, confiança, ausência, gestos, singularidade, espontaneidade, revelação. Deixei-me envolver! Ao tentar perceber como ela chegou, não entendi como ela veio se estabelecer, apenas deixei-me envolver! Envolto nela, em meio a ela, me perdia, me rendia, com ela eu ia. Entrementes, percebi algo novo aqui! Páginas não lidas. Neste roteiro, há um novo enredo a me esperar. Que fim poderei deslumbrar desta história que não pude ver começar? Não sei dizer. No meio dela, sou apenas um intérprete a serviço do Autor. E o fim? Este, o Autor saberá [...]

Eu e meu Deus

EU E MEU DEUS (Anádrea Grayce) 
Eu e meu Deus! É tão simples, perfeito, eterno,
Que mais posso querer se o Tudo está diante de mim?
       Tudo passa! Tudo passará! O Teu amor está em mim,
       Mas se eu paro o olhar no que passa eu vou pra longe de Ti
E não sei mais voltar... E não sei mais voltar...
Me resta esperar o Teu olhar me encontrar, meu Senhor...
És Tu quem volta pra mim, És Tu quem volta,
E sempre espera por mim, me amas primeiro...
Renova o meu primeiro amor!
Eu e meu Deus, eu e meu Deus...

Definitivamente, não sei mais retornar! E porque eu me perdi? Para onde eu me afastei? Esta canção veio aos meus ouvidos e de maneira simples me alcançou. Através dela Deus me falou! Mas como prever, onde a voz Dele estará? Ela sempre chega a mim quando eu menos espero, e não importa o quão longe eu estou, esta voz bem aí se faz ecoar, para me mostrar que a  iniciativa é Dele que por primeiro me escolheu e por primeiro sempre me ama.

Esta simplicidade na qual Deus fala, traz em si uma profundidade incrível. Até nos meios mais irrisórios Ele pode revelar algo surpreendente, imutável, com características de eternidade. Deus é assim comigo. Fala até com  propaganda! Quem tiver ouvidos para ouvir que ouça... Ai de mim se não ouvir... 

Não sei aonde ir sem esta profundidade de Deus. Se sou Sua imagem e semelhança é bem mais do que óbvio que trago também em mim esta característica da natureza divina. Anseio por esta profundidade! Talvez por isto, escrever seja tão difícil para mim. Não quero ser alguém que não vai ao fundo das coisas e que por isto tem um conhecimento superficial de si, dos outros e do mundo ao redor. Quero descer nas profundezas do meu 'eu', aquele 'eu' ontológico, 'Aquele eu que devo ser'... E viver com toda intensidade as descobertas da minha identidade mais profunda, mesmo que eu venha a sofrer, e sofro, ao vê meu nada me exceder...

Diante do que sou, e às vezes até do que não sou, um ciclo de violência se inicia. Poderia ser o fim, em meio ao conflito, deveria me angustiar, mas algo me faz querer entrar, e mais uma vez, deixar Ele me levar de volta, e novamente,  adentrar, pois quando se ama assim, assim se viverá... Agostinho me faz entender: Não procure fora. Entra em ti mesmo: no homem interior habita a verdade. Raskólnikov[1] que o diga, outro caminho não há! Não dar para da verdade se afastar! E dizer isto, não é fácil! Dostoiévski já advertiu que não há no mundo coisa mais difícil do que a sinceridade e mais fácil do que a lisonja. Aprendi que não há mérito em ser lisonjeado pelo que não se é. O mérito está na verdade! Nesta verdade, com profundidade espero aderir!


[1] Rodion Românovitch Raskólnikov  é o personagem principal do livro Crime e Castigo de Fiódor Dostoiévski, publicado em 1866. Ele também é referido no romance pelo dimunutivo de seu primeiro nome, Ródia ou Rodka. O nome Raskólnikov, provém da palavra raskolnik que significa "cisão" ou "cisma".

Do verso para a prosa

Não é fácil traduzir na escrita aquilo que ela não pode conter. Por isso,  muitas vezes o medo me fez silenciar não dando oportunidade aos parágrafos do meu cotidiano... O Autor desta história, que faz de mim o protagonista, observou: falta eloqüência! Hoje, aquilo que antes era monólogo, deixou de ser intangível quando transformou-se em diálogo. Não mais estava sozinho. Com outros, comecei a atuar nesta história, descobrindo que: 

Sou um pobre verso que não se contém,
Desejando ser uma voz a ecoar,
Na prosa de alguém que consiga absorver,
Este grito inibido nas raízes do meu ser... 

Do outro lado, alguém escutou, e assim evidenciou: 

Como agradar o coração de Deus em seu chamado, 
se há espinhos tão evidentes a serem arrancados?
Minha luta constante é para manter-me autêntica, 
mas não fazer dessa autenticidade uma metralhadora giratória. 
Não fazer de minha evangelização imposição, 
não fazer de meu testemunho uma faca de dois gumes, 
onde me corto... 

O pobre verso não sabia reconhecer se alguém realmente o escutava, 
ou se simplesmente seu monólogo ecoava...
novamente ele se pronunciou: 

Sou feito de anseios e planos,
em desejos e propostas de engano...
Sou feito de meus medos e trocas,
se tiver que medir força eu solto a corda,
Às vezes tento ser mais do que eu sou,
me canso e vejo aquilo que não sou... 

Novamente, a voz retrucou: 

Por tantas vezes teorizei os planos de Deus em minha vida. 
Tudo era muito belo, antes que se concretizasse. 
Já supervalorizei o que Deus colocava,
simplesmente como primeiro passo,
e à medida que esses passos se ampliaram
percebi que não era bem o que buscava, 
ou o que minha humanidade ansiava... 

Estar errada, ser fraca, não poder viver uma realidade, 
foram situações que já criaram conflito interior em mim, 
e o Senhor fez questão que eu os vivesse, 
para começar a perceber a quem eu deveria servir...

A permissão para meu cansaço, 
o deparar-me com aquilo que não dou conta sozinha, 
a dor dos 'nãos 'de Deus, 
me fizeram perceber o quão rica e dolorida é a humildade concreta, 
dessas que a gente pena e quando vê está ainda distante... 

O pobre verso percebeu que não estava só,
embora aquela voz lhe fosse semelhante, ela soava diferente.
De quem seria esta voz?
Ela parecia o compreender e ainda conseguia
transcrever o que não havia sido mencionado.
Ele então resolveu persisti no diálogo: 

Não sou super-herói e em meu peito dói
não ter a minha vida em minhas mãos,
Sou feito em escolhas do que quero expor,
que nem sempre revela o que eu sou
Na minha aparência o que eu quero ser,
ser livre pra optar e pra escolher... 

Na outra margem, aquela nobre voz suspirava: 

Ah! A liberdade....
Teoricamente tão fácil de se viver, de se conquistar, 
mas àqueles que conhecem o Amor
deve-se ter o cuidado de não confundi-la com prisão,
renúncia de tudo, menos de si mesmo... 

Ah! Se vivêssemos o Amor,
a liberdade de Ser quem somos, mas com os olhos do Amor,
com a prudência do Amor,
entenderíamos as asas que estão em nós 
e saberíamos além de usá-las para qual direção no direcionarmos...

Não tenho que tudo suportar,
tenho o direito de gritar, dizer um belo não, 
mas dizê-lo, por vezes também não me faz ser quem sou, 
mas o que não gostaria de ser em determinado momento. 

A prudência também já me fez livre tantas vezes...

O pobre verso ficou intrigado!
Acaso ele não era o que deveria ser?
Seria ele mais do que um verso? E que asas são estas?
Para onde o pobre verso poderia ir com elas?
Poderia ele com estas asas voar
para a outra margem de onde a nobre voz ressoava?
Estas perguntas, só fizeram surgir outras,
seguida de uma conclusão:

Quem manda no meu tempo? Por que ele rege o meu viver?
O que dura pra sempre e as traças não vão corroer?
Pra fazer o bem até que me esforço, 
mas com o mal que há em mim nem sempre posso!

Ela imediatamente sentenciou:

O Senhor do tempo, por vezes na minha vida, 
foi o único que não permiti que usufruísse dele... 
O TEMPO ESCONDE O QUE É ETERNO!
Meu Deus, como isso é concreto... 
Por que me escravizo ainda por coisas que passam?
Como ordenar tudo isso?
Como o bem poderá prevalecer em mim,
se me consumo pelo mal proceder? 
Se os grãos de areia da engrenagem conseguem
destruir tantas horas de giros e produção?
Como me convencer que o Amor já venceu,
se temo a batalha antes que ela comece?
Onde está meu olhar para o Eterno? O que dispersa esse olhar?

Ao perceber sua própria fraqueza tão evidenciada, ele disse:

No vento vou com as circunstâncias,
vejo como ainda sou uma criança!
Na minha angústia para ser melhor,
paciência comigo nem sempre quero ter,
Quanta coisa pra crescer e ainda entrego ao tempo o meu querer...

A nobre voz silenciou! Em seguida sua prosa continuou:

A minha maior convicção e refrigério d'alma 
é que Deus nunca desistiu do que Ele começou em mim... 

O que impediria o pobre verso de ser como a prosa de voz tão nobre?
Porque não voar até o outro lado
para absorver esta retórica tão nova?
Não era mais preciso! Algo lúdico acontecia dentro dele 
como o despertar de uma manhã que nunca mais conheceria o ocaso.
Não se contendo mais em si, o pobre verso deixou algo escapar:

Em justa troca ele (o tempo) me angústia e me sufoca, 
me torna feito de quase nada e me explora! 
Afinal de contas, aquilo a quem dou poder
pode me tornar o que não quero ser...

A nobre voz compreendia muito bem o pobre verso.
Ela também um dia, surpreendida por alguém, 
teve a dádiva de obter asas para voar até a outra margem.
Sua prosa um dia foi verso!
Mas hoje, livre de tudo o que a poderia adstringir,
Ela sabia o que é realmente ser livre 
e como transmitir esta liberdade!
E assim, ensinou:

Oh, tempo! Quantas vezes minha lentidão entra em conflito contigo? 
Não saber administrá-lo já tornou-me escrava de tuas pendências... 
Não é a necessidade de tê-lo a mais,
mais de dar qualidade quando o tenho... 
Um tempo que não me enlouqueça,
mas que seja colaborador das graças em mim... 
Um tempo que seja por mim tomado, como minha própria vida, 
que por vezes escapa de minhas mãos e vira alvo de julgamentos, 
apontamentos, até de outros administradores. 

Enfim...
Quero que somente o julgador justo tome o julgamento do que sou. 
Ele que tem todo direito por mim e em mim, pois escolheu a mim, 
com todas limitações e pendência humanas, imaturidades,
por ser pior mesmo, 
por não saber diferenciá-lo do tempo que me dominava.
Ele quer por ordem em tudo...

Perplexo, o pobre verso se percebeu inábil a continuar.
Não poderia ser mais o que era,
desde que a nobre voz da prosa chegou aos seus ouvidos.
Atônito se questionou:

Sou feito de quê?

E a nobre voz vindo em seu auxílio,
deu-lhe das suas asas para o pobre verso voar do verso para a prosa.
Neste vôo, ela o fez compreender que este processo de feitura
consiste de uma matéria muito simples...

De limites, mas de infinitas escolhas de superação...

(por Erlison Galvão e Michele Lobo)

Em teus golpes de amor tens me vencido

"Seduziste-me Senhor, e eu me deixei seduzir.
Tu te tornaste forte demais para mim: tu me dominaste"
(Jr 20,7) 

Fiz a incrível descoberta de que muitas vezes escolho esquecer. É certo de que o cérebro nem sempre está disponível a guardar tanta informação... Assim o que é descartável é imediatamente eliminado... Mas o homem não pode permanecer no buraco, ensimesmado, e assim retorno ao blog, depois da insistência de alguns...

Trago em mim uma sede de eternidade imensa. Algo que parece não ter fim. A felicidade deste mundo não consegue saciar toda a minha aspiração de verdade e amor. Minha natureza anseia repousar e apoiar-se naquilo que é duradouro. Num solo com riquezas que sejam capazes de me sustentar e me comunicar a verdadeira vida. Quero provar desta seiva que pode me alimentar e me manter de pé, me dando força para que os ventos das circunstâncias e inconstâncias não possam derrubar aquilo que brota neste solo fecundado pelo Eterno. Tenho minhas raízes na eternidade. Eternidade que me faz descobrir quem realmente sou! Eternidade que me salva de mim mesmo! Eternidade que transforma a dor da espera em amor... 

'Que me faz tudo ofertar! Por que O amo! Que me leva a me comprometer, me doar...' Mesmo quando jugo insignificante o que tenho pra dar e condeno a mim mesmo por não amar, porque não sou o que deveria ser, e não correspondo como deveria corresponder... É exatamente aqui que quero desistir, por que há tanto tempo estou com Ele e ainda não O conheço, Ele ainda é tão estranho a mim... Que tenho eu Contigo? Por que insistes comigo? Que força Te mantém tão perto de mim, estando eu tão longe de Ti... Na minha fraqueza desisto... Optar por mim, se torna mais fácil! Mais assim, tudo parece estacionar como as estações que não deram curso ao seu ciclo dentro de mim. E a lembrança da voz que me atraiu, aquela que me seduziu, às vezes não mais se faz ouvir... Conheci outros sons... e num combate desigual, Tu te tornastes forte demais para mim!

Contudo a eleição! Livre! Aquela que não carece de significado, pois traz no ato de escolher a gratuidade de quem sabe o que é amar, esperar e acreditar... Mais forte que tudo, não desiste, permanece... Irrevogável! Para sempre! Eternamente!

Resisto! Reluto! Pergunto! Questiono! Como sou duro de coração!  
Mais uma vez resisto! Discordo! Concordo em permanecer escravo!
Louco que sou, me engano, penso está a salvo!
Mas esta salvação ainda não me alcançou profundamente!
Lentamente, ela se revela, penetra...
E com uma força extraordinária, sutilmente me desarma,
me faz perder as forças,
Para acolher o que de graça me foi dado
e não pode ser renegado já que é irrevogável!
E assim, depois de haver-me ferido, enfraquecido,
Reconheço que Ele começa a obter o triunfo sobre mim!

Desaparecimento das Estações do Ano

Aquele 'eu' que devo ser

Ultimamente não paro de pensar como é difícil ser quem sou. É duro ser Erlison, de fato. Parece engraçado, mas é um processo doloroso. Não falo simplesmente da dificuldade em ser o filho de Deus, consagrado que se dispõe a cada dia livremente viver por amor os desafios de uma vocação específica. Não este! Este aí, é muito fácil de ser notado, está na opção que eu fiz ao ingressar na vida consagrada. Este posso dizer que é facilmente visto pelas autoridades, pelos irmãos, pelas pessoas que nas esquinas da alma não mensura em suas retinas o que está na rua mais ao lado. 

Falo daquele 'eu' mais profundo, que estando no mais íntimo de mim, é visto a todo instante somente por Aquele que sonda o coração de cada homem. Aquele 'eu', que nunca será cobrado e exigido pelas pessoas que falei acima e que por isso facilmente poderia cair no desleixo para consigo, não sendo fiel as leis mais íntimas do coração. Aquele 'eu', que pensa muitas vezes está só, e que por vezes prefere se entregar a ter que lutar pra ser de fato o que se é.

Há quem se alegre com o que os olhos lhe estampam. Não quero me contentar com o que eles vêem. Quero continuar me esforçando pra ser quem realmente eu sou, ainda quando é mais conveniente concordar com quem pensa está colaborando para um bem que é puro engano.

Não é fácil ser fiel a própria inspiração, dar asas a canção...
O medo nos faz escolher o chão... O amor? Ah, o amor nos dar asas!
Nestas asas descubro que Ele me faz ir além do temor servil,
e escolher o que é de fato o bem.
Aquele bem, que é belo e verdadeiro e assim,
Nestas asas, paulatinamente trago pra fora, 
este 'eu', que poucos podem ver!
Aquele 'eu' que devo ser!

Foi assim que me salvou...

Um homem caiu num buraco,
ele caiu num buraco e não conseguia sair...

Um viajante passou perto. Ele disse ao homem que meditasse
a fim de purificar sua mente, assim, quando ele atingisse o Nirvana,
todo seu sofrimento iria cessar.
O homem fez o que o viajante lhe disse,
mas permaneceu no buraco.

Outro homem apareceu.
Ele explicou que o buraco não existia,
e que o homem também não era real.
Tudo era uma ilusão. Mas o homem que não existia,
ainda estava preso no buraco que não era real.

Outro visitante chegou.
Ele instruiu o homem a fazer boas obras para elevar seu Karma
e, ainda que ele morresse no buraco,
ele poderia reencarnar em algo melhor em sua próxima vida.

Outro homem olhou do alto do buraco,
Ele ensinou aquele que estava no buraco a orar cinco vezes por dia,
voltado para o leste, e a seguir cinco importantes mandamentos.
Se ele fosse fiel, um dia, talvez, o divino o libertaria.
O homem orou o melhor que podia,
mas estava perdendo suas forças.
E no buraco ele permaneceu.

Outro homem apareceu.
Havia algo diferente nele.
Ele chamou o homem no buraco 
e perguntou-lhe se ele queria ser liberto.
Aquele homem então desceu à terra, dentro do abismo.
Ele pegou o homem e o levou até a luz.
E o homem que não conseguiria salvar-se sozinho foi salvo!

Achei este vídeo fantástico.
De forma simples e profunda Deus me alcançou!
Acesse:
http://www.youtube.com/watch?v=BWSjlcw6_Bo&feature=related