Minha identidade não tem carácter temporário, mas sementes de eternidade! (Moysés Azevedo)
Alguém a quem muito estimo escreveu: 'se vires a mim, vagando por aí, peça para eu voltar, diga que estou esperando.'
Como é bom saber que se de mim eu me perder, tenho para onde voltar, tenho raiz, e melhor ainda terei alguém a me mostrar onde eu vou estar. Em cada retorno: um rabisco, uma inspiração, um poema, uma canção... folhas, flores ou frutos, que surge ao querer da estação...
A ela me disponho! Com ela eu vou! Nas raízes da alma, a verdade de quem sou!

Em teus golpes de amor tens me vencido

"Seduziste-me Senhor, e eu me deixei seduzir.
Tu te tornaste forte demais para mim: tu me dominaste"
(Jr 20,7) 

Fiz a incrível descoberta de que muitas vezes escolho esquecer. É certo de que o cérebro nem sempre está disponível a guardar tanta informação... Assim o que é descartável é imediatamente eliminado... Mas o homem não pode permanecer no buraco, ensimesmado, e assim retorno ao blog, depois da insistência de alguns...

Trago em mim uma sede de eternidade imensa. Algo que parece não ter fim. A felicidade deste mundo não consegue saciar toda a minha aspiração de verdade e amor. Minha natureza anseia repousar e apoiar-se naquilo que é duradouro. Num solo com riquezas que sejam capazes de me sustentar e me comunicar a verdadeira vida. Quero provar desta seiva que pode me alimentar e me manter de pé, me dando força para que os ventos das circunstâncias e inconstâncias não possam derrubar aquilo que brota neste solo fecundado pelo Eterno. Tenho minhas raízes na eternidade. Eternidade que me faz descobrir quem realmente sou! Eternidade que me salva de mim mesmo! Eternidade que transforma a dor da espera em amor... 

'Que me faz tudo ofertar! Por que O amo! Que me leva a me comprometer, me doar...' Mesmo quando jugo insignificante o que tenho pra dar e condeno a mim mesmo por não amar, porque não sou o que deveria ser, e não correspondo como deveria corresponder... É exatamente aqui que quero desistir, por que há tanto tempo estou com Ele e ainda não O conheço, Ele ainda é tão estranho a mim... Que tenho eu Contigo? Por que insistes comigo? Que força Te mantém tão perto de mim, estando eu tão longe de Ti... Na minha fraqueza desisto... Optar por mim, se torna mais fácil! Mais assim, tudo parece estacionar como as estações que não deram curso ao seu ciclo dentro de mim. E a lembrança da voz que me atraiu, aquela que me seduziu, às vezes não mais se faz ouvir... Conheci outros sons... e num combate desigual, Tu te tornastes forte demais para mim!

Contudo a eleição! Livre! Aquela que não carece de significado, pois traz no ato de escolher a gratuidade de quem sabe o que é amar, esperar e acreditar... Mais forte que tudo, não desiste, permanece... Irrevogável! Para sempre! Eternamente!

Resisto! Reluto! Pergunto! Questiono! Como sou duro de coração!  
Mais uma vez resisto! Discordo! Concordo em permanecer escravo!
Louco que sou, me engano, penso está a salvo!
Mas esta salvação ainda não me alcançou profundamente!
Lentamente, ela se revela, penetra...
E com uma força extraordinária, sutilmente me desarma,
me faz perder as forças,
Para acolher o que de graça me foi dado
e não pode ser renegado já que é irrevogável!
E assim, depois de haver-me ferido, enfraquecido,
Reconheço que Ele começa a obter o triunfo sobre mim!

Desaparecimento das Estações do Ano

3 comentários:

  1. E render-se nesses momentos é ato de coragem. Saber perder se torna a melhor opção, diante do que nada ganhamos se temos para nós mesmos. Compreender? Já desisti, ao menos aqui diante destes olhos que me cercam...

    Coragem, amigo meu!
    Há um grito em nós que ninguém ouve . Bendito seja o Céu, onde ele já ecoa...

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  2. Como é belo contemplar a indiscutível verdade de que "enquanto há vida, há esperança."

    O broto por inteiro destroçado no chão, pisoteado, esquecido, solitário, sem forças, dado por morto... Ressurge tímido, mas disposto a um, mais um, novo recomeço.

    Sim! Quase sem vida, mas com raiz e cerne intactos. Restando apenas uma única folha, ainda verde. Para alguns, a prefiguração do ocaso iminente. Para outros, a certeza de que a Vida ainda não o abandonou.

    Tudo depende de como se vê...

    Benditos recomeços! Abraçados pelos corajosos, constantes, dolorosos, intensos... Regressão para os menos entendidos. Salvação para os que veêm além...
    Sem eles, seria impossível o concluir da vida, vivos!
    Por eles, o broto volta a viver... Desponta, acorda, reassume...

    Outra via não há... Será sempre assim... até o defecho natural da existência.
    Catástrofe para uns... Oportunidade para outros.

    Tudo é apenas questão de ponto de vista...

    Se for o Amor a olhar, as pedras se tornam flores.

    TATTO

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  3. sem dúvida, acredito que este é o melhor momento: o da nossa rendição.Ele sempre sabe o caminho, nós não conhecemos o caminho!

    É bom olhar pra traz e ver quanto caminhamos, por que caminhamos, é que a dor nos faz cegar os olhos, mas ela não pode durar pra sempre...
    E eu prefiro que estes golpes de amor sempre me vençam!!!
    É bom também saber que é na carne , que é real e que nela encerro a vontade de Deus.
    Abraço Erlison, meu irmão!!

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